Atualmente, os avós desempenham importante papel na família, principalmente no cuidado dos netos. Inserido na discussão sobre a relação entre avós e netos, este artigo tem como objetivo discutir o papel dos avós cuidadores dos netos no processo de escolarização das crianças. A investigação foi realizada na cidade de Viçosa, MG, e a abordagem metodológica escolhida foi a de cunho qualitativo. A pesquisa empírica se baseou em entrevistas reflexivas com quatro avós de camadas populares, que, por diversas circunstâncias, tornaram-se as principais responsáveis por seus netos. Os resultados demonstraram que a relação entre avós e netos é permeada de afeto, cuidado e cumplicidade, porém também há preocupações, cansaço, tensões e desapontamentos, principalmente em relação aos filhos, que, em muitos casos, afastaram-se das crianças desde muito pequenas. Concluiu-se que as avós entrevistadas mantêm uma relação estreita com as escolas dos netos e contam com a solidariedade de amigos e familiares para as práticas educativas no processo de escolarização deles.
Este artigo objetiva abordar importantes elementos para a análise da formação de professores no tempo atual trazidos nodossiê “Formação docente: as interfaces com a saúde e as tecnologias”. Para tanto situa o ambiente de criação do referido dossiê, bem como apresenta o conjunto de textos que o compõe. A partir do exame dos seis trabalhos selecionados é possível constatar que estes retratam questões que interrogam a formação docente, tendo como pano de fundo a intensificação do trabalho docente mediado pelas tecnologias em tempos pandêmico e “pós-pandêmico”. São registros carregados de reflexões atuais e provocadoras sobre os impactos da pandemia e do avanço das políticas ultraconservadoras na formação e atuação docente, bem como sobre diferentes formas de resistência e de reflexão sobre o complexo processo de tornar-se professor.
“Cada autor ilustra a partir de sus experiencias de investigación vinculadas a una práctica clínica, la necesidad de un psicoanálisis vinculado al campo del cuidado, de la educación, del trabajo social. Ellos describen una práctica de psicoanálisis vinculado a la Ciudad, que es básicamente su única posibilidad de continuar existiendo (…) Podemos decir que sospechamos que el psicoanálisis ha contribuido en parte para su propia exclusión de muchas instituciones y eso justamente por una pérdida progresiva de su capacidad de tener una concepción política, entendida como la capacidad de articular destino individual y destino colectivo, inconsciente y contexto (…).”
Ilaria Pirone
“Cada autor ilustra a partir de sus experiencias de investigación vinculadas a una práctica clínica, la necesidad de un psicoanálisis vinculado al campo del cuidado, de la educación, del trabajo social. Ellos describen una práctica de psicoanálisis vinculado a la Ciudad, que es básicamente su única posibilidad de continuar existiendo (…) Podemos decir que sospechamos que el psicoanálisis ha contribuido en parte para su propia exclusión de muchas instituciones y eso justamente por una pérdida progresiva de su capacidad de tener una concepción política, entendida como la capacidad de articular destino individual y destino colectivo, inconsciente y contexto (…).”
Ilaria Pirone
O artigo discute resultados de uma pesquisa realizada com pais professores homens da Educação Básica em cinco cidades mineiras. Primeiramente, realizamos um mapeamento da presença de professores homens nas escolas de educação básica nos municípios investigados, nas esferas municipais e estaduais, na Superintendência Regional de Ensino de Ouro Preto. Em seguida, cotejamos esses dados com a produção científica produzida nas duas últimas décadas sobre o tema, enfatizando os estudos que investigaram a presença masculina na educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental. Os resultados indicam que o número de professores homens na docência aumenta à medida em que se avança no nível de ensino, comportamento estatístico também presente no conjunto dos docentes do país. A análise da produção científica demonstrou que os professores do sexo masculino ao se inserirem no espaço escolar nas primeiras etapas da educação básica passam por dilemas e enfrentamentos para permanecer na profissão e, muitas vezes, são submetidos às provas de uma pretensa e idealizada “idoneidade” para serem aceitos pela comunidade escolar.
A Educação profissional e tecnológica assume nos últimos anos um importante papel de transformação social e de construção da cidadania de vários jovens e adultos brasileiros. Porém, os Institutos Federais ainda assumem para o capital a imagem de instituição de ensino que tem como finalidade atender prioritariamente a formação e a certificação de mão de obra para o mercado de trabalho local. Assim, para compreender os caminhos e as perspectivas futuras da Educação profissional e tecnológica é fundamental conhecer e interpretar sua historicidade e entender a conjuntura social, econômica e política em que a Rede Federal e os Institutos Federais se constituíram. O presente artigo teve como objetivo realizar uma retrospectiva sobre os avanços e os retrocessos da Educação profissional e tecnológica no Brasil, considerando o período compreendido entre o Brasil Império até o fim do governo do presidente Michel Temer (2018), e por meio desses dados, analisar os caminhos e as perspectivas futuras da Educação profissional e tecnológica no país. Destacou-se as transformações significativas que marcaram a Educação profissional e tecnológica no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em conclusão, notou-se uma considerável evolução social e educacional com os processos de expansão e de interiorização da Rede Federal, em que o principal objetivo foi reduzir os abismos educacionais nos processos formativos de jovens e adultos brasileiros. Todavia, compreende-se ainda as dificuldades impostas pelo atual governo e pelo sistema capitalista para a continuidade de um projeto educacional audacioso e necessário para o ensino profissional no Brasil.
Este artigo apresenta resultados de uma pesquisa cujo propósito foi compreender com quais concepções as metodologias educativas têm operado para lidar com o sujeito em sua relação com a cidade e o patrimônio. Para isso, construímos o estado do conhecimento partindo dos descritores “educação”, “cidade” e “patrimônio”, em busca das produções científicas brasileiras disponíveis no Banco de Teses e Dissertações da Capes e publicadas entre os anos de 1997 até 2018. O estudo apontou um forte descompasso entre teoria e prática no que tange a questão do patrimônio e a necessidade de atualização e revisão de práticas educativas relacionadas com a cidade e o patrimônio cultural quando se pensa no sujeito.
Este artigo teve como referência os resultados da pesquisa de mestrado defendida no Programa de Pós-Graduação em Educação PPGE/UFOP. Foram expostas aqui nossas reflexões acerca da investigação do contexto de três Políticas de Ações Afirmativas (PPA) aplicadas ao Ensino Superior brasileiro (Lei nº. 10.639/2003, Lei nº. 12.711/2012, Lei nº. 12.990/2014). A partir da chave de leitura dos estudos críticos da branquitude no Brasil, enunciamos possibilidades de compreensão dos limites das legislações frente à subjetividade, onde (re)conhecer que a ideologia racial é estruturante da sociedade brasileira não tem sido o suficiente. Concluímos que é preciso saber de si, dar contorno às instâncias subjetivas e interpelar a posição dos sujeitos docentes do Ensino Superior.
Esse artigo analisou a relação entre a longa história de segregação à qual as pessoas com deficiência foram submetidas durante seus processos de escolarização no Brasil e o cenário da Educação Especial, a partir de estudo de caso em Ouro Preto/MG. Nesta análise, verificamos documentos legais e políticas públicas, além de dados de matrículas obtidos no Censo da Educação Básica, entre 2007 e 2020, o que tornou possível perceber que a atuação da APAE no atendimento de estudantes com deficiência se mantem hegemônica, apesar das transformações paradigmáticas ocorridas no Brasil e do crescente aumento do número de matrículas em outras redes de ensino. Conforme dados do IBGE de 2010 (revistos em 2018), 6,7% da população têm algum tipo de deficiência. São cerca de 14 milhões de brasileiros, um número expressivo, porém, cotidianamente, não é difícil encontrar discursos e atitudes que reforçam a exclusão das pessoas com deficiência, reafirmando atitudes capacitistas.
Este artigo resulta da intersecção de reflexões de duas pesquisas doutorais em andamento. Parte do trabalho de Michel Foucault, Jorge Larrosa, Gilles Deleuze e Félix Guattari para pensar os processos de subjetivação e experiência de docentes do Ensino Superior nos contextos educacionais públicos, considerando os efeitos da Reforma Gerencial do Estado, de 1995. Pondera como o controle do trabalho docente compõe e é composto por práticas discursivas que instituem processos de subjetivação que insistem em uma lógica produtivista e meritocrática, reduzindo as possibilidades de experienciar as vivências cotidianas.
Este artigo reflete a potência do trabalho com a noção de dispositivo em pesquisas-intervenções com o cinema na escola. Além da reflexão, apresentamos duas imagens que evidenciam momentos fundamentais da experiência de um trabalho realizado com crianças de 10 e 11 anos da periferia de Ouro Preto, em 2017. Nesse trabalho, acreditamos na invenção de um saber-vagalume (HUBERMAN, 2011) durante as intervenções, as quais buscaram espaços de construção de subjetividade dos/das estudantes envolvidos. Para tal, partimos da noção de dispositivo desenvolvida por Cezar Migliorin no trabalho com o projeto “Inventar com a Diferença” (MIGLIORIN, 2016). Entendemos como dispositivo aquilo que coloca em crise o participante durante a articulação entre um comando fechado e, ao mesmo tempo, aberto à inventividade. A partir dessa noção apropriada, articulamos para a primeira etapa da intervenção três momentos: 1) Cartão-Postal, 2) Minuto Lumière e 3) Filme-Carta, que garantiram a emergência das imagens-sintoma produzidas pelas crianças participantes. Os efeitos do trabalho foram colhidos em ato, bem como a posteriori ao projeto. Concluímos que tal intervenção com o cinema opera nas fronteiras entre arte e clínica e não separa arte e vida, ou melhor, artevida, extrapolando as fronteiras na busca de testemunhos.
As pesquisas sobre família, escola e inclusão revelam que as políticas de inclusão dos surdos mudaram no Brasil a partir da década de 2000. Este estudo teve como objetivo geral analisar como se configura a relação da família e da escola no processo de inclusão de estudantes surdos em uma cidade no interior de Minas Gerais. Sob a perspectiva qualitativa, a pesquisa privilegiou a entrevista compreensiva com duas mães de estudantes surdos de camadas populares e o questionário aplicado com dois diretores e duas professoras de duas escolas públicas. Concluiu-se que, embora leis voltadas para a inclusão destes estudantes já existam, elas não estão sendo cumpridas. Com isso, escolas e famílias vêm tentando incluir esses estudantes dentro de certas possibilidades, porém o processo de escolarização ainda apresenta muitos obstáculos e tem causado frustração e sensação de impotência aos estudantes surdos e às suas famílias.
O artigo discute resultados de uma pesquisa realizada com pais professores homens da Educação Básica em cinco cidades mineiras. Primeiramente, realizamos um mapeamento da presença de professores homens nas escolas de educação básica nos municípios investigados, nas esferas municipais e estaduais, na Superintendência Regional de Ensino de Ouro Preto. Em seguida, cotejamos esses dados com a produção científica produzida nas duas últimas décadas sobre o tema, enfatizando os estudos que investigaram a presença masculina na educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental. Os resultados indicam que o número de professores homens na docência aumenta à medida em que se avança no nível de ensino, comportamento estatístico também presente no conjunto dos docentes do país. A análise da produção científica demonstrou que os professores do sexo masculino ao se inserirem no espaço escolar nas primeiras etapas da educação básica passam por dilemas e enfrentamentos para permanecer na profissão e, muitas vezes, são submetidos às provas de uma pretensa e idealizada “idoneidade” para serem aceitos pela comunidade escolar.
O estudo investigou as percepções dos/as estudantes de uma escola pública de Belo Horizonte, estado de Minas Gerais, sobre a participação de meninas e meninos em episódios de indisciplina. Foram utilizados o Questionário Diagnóstico da Percepção de Indisciplina e Violência Segundo o Sexo dos/as Estudantes (Q-PIV), Quadro de Heteroclassificação e Autoclassificação de Comportamentos de Indisciplina (HAE) e entrevista semiestruturada. Participaram 167 estudantes do 8º e 9º anos do ensino fundamental. Os resultados indicam que é um equívoco pensar que as condutas de meninas e meninos na escola seguem um padrão rígido pautado apenas nas expectativas sociais de gênero, uma vez que verificamos uma multiplicidade de atitudes de meninas e meninos diante das regras escolares.
O artigo apresenta resultados de uma pesquisa que investigou as condições em que ocorrem as situações de distorção idade-série entre estudantes que residem em territórios rurais. Foram analisadas as percepções de gestores escolares sobre esse fenômeno, em especial o modo como eles explicam sua ocorrência nas escolas. A metodologia utilizada foi qualitativa e envolveu a realização de entrevistas com os gestores de cinco unidades escolares. Os resultados indicam que, na ótica desses profissionais, dois conjuntos de fatores estariam na base do fracasso escolar dos estudantes: fatores extraescolares e fatores escolares, sintetizados como descompassos entre a modalidade de oferta escolar (currículos, tempos e espaços) e a realidade social e cultural vivenciada pelos estudantes em contextos rurais.