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Este artigo reflete a potência do trabalho com a noção de dispositivo em pesquisas-intervenções com o cinema na escola. Além da reflexão, apresentamos duas imagens que evidenciam momentos fundamentais da experiência de um trabalho realizado com crianças de 10 e 11 anos da periferia de Ouro Preto, em 2017. Nesse trabalho, acreditamos na invenção de um saber-vagalume (HUBERMAN, 2011) durante as intervenções, as quais buscaram espaços de construção de subjetividade dos/das estudantes envolvidos. Para tal, partimos da noção de dispositivo desenvolvida por Cezar Migliorin no trabalho com o projeto “Inventar com a Diferença” (MIGLIORIN, 2016). Entendemos como dispositivo aquilo que coloca em crise o participante durante a articulação entre um comando fechado e, ao mesmo tempo, aberto à inventividade. A partir dessa noção apropriada, articulamos para a primeira etapa da intervenção três momentos: 1) Cartão-Postal, 2) Minuto Lumière e 3) Filme-Carta, que garantiram a emergência das imagens-sintoma produzidas pelas crianças participantes. Os efeitos do trabalho foram colhidos em ato, bem como a posteriori ao projeto. Concluímos que tal intervenção com o cinema opera nas fronteiras entre arte e clínica e não separa arte e vida, ou melhor, artevida, extrapolando as fronteiras na busca de testemunhos.